O cheiro que tomava conta da casa sempre que minha avó fazia pão é algo que nunca me deixou. Lembro com clareza das manhãs frias, em que eu acordava com aquele aroma inconfundível vindo da cozinha. Ela não usava forno, e mesmo assim preparava pães quentinhos, dourados, com casquinha leve e miolo macio. Foi só anos depois que descobri que o pão que ela fazia se chamava Bazlama, um tradicional pão turco feito diretamente na frigideira, sem forno, mas com muito afeto.
Na época, eu não sabia o nome, nem de onde vinha, só sabia que aquele pão era sinônimo de carinho. A massa crescia devagar, sob um pano de prato, e depois virava pequenos discos dourados, prontos para serem partidos com as mãos e mergulhados em manteiga, azeite ou mel. Para mim, era quase mágica. Hoje, ao preparar o Bazlama, não apenas trago de volta os sabores da minha infância, como me reconecto com um pedaço da história que cruza gerações e continentes.
O que é o Bazlama?
O Bazlama é um pão de origem turca, rústico e muito tradicional, conhecido por sua simplicidade e sabor. É feito com uma massa fermentada, semelhante à de outros pães, mas com uma característica marcante: em vez de ser assado no forno, ele é cozido diretamente em uma chapa ou frigideira. Esse método ancestral vem da necessidade prática das famílias nômades da Anatólia Central, que precisavam de pães rápidos, duráveis e fáceis de preparar mesmo em acampamentos.
De formato arredondado e geralmente com cerca de 1 a 2 cm de espessura, o Bazlama se destaca por sua textura levemente elástica, sabor suave e versatilidade à mesa. Ele pode ser consumido quente ou frio, puro ou recheado, no café da manhã, almoço ou jantar.
Ingredientes
| Ingrediente | Quantidade |
|---|---|
| Farinha de trigo | 500 g (aproximadamente 3 ½ xícaras) |
| Leite morno | 160 ml (cerca de 2/3 de xícara) |
| Água morna | 160 ml (cerca de 2/3 de xícara) |
| Fermento biológico seco | 1 colher de sopa (10 g) |
| Açúcar | 1 colher de chá |
| Sal | 1 colher de chá |
| Azeite de oliva (opcional, para pincelar) | A gosto |
Modo de Preparo
- Em uma tigela grande, misture o fermento biológico seco, o açúcar, a água morna e o leite morno. Deixe descansar por cerca de 10 minutos até espumar.
- Acrescente a farinha de trigo e o sal. Misture até formar uma massa homogênea.
- Sove por 10 minutos até que a massa esteja elástica e macia. Cubra com um pano e deixe descansar por 1 hora ou até dobrar de volume.
- Divida a massa em porções iguais (cerca de 6 a 8 bolas), modele-as e abra cada uma com um rolo até atingir cerca de 1 cm de espessura.
- Aqueça uma frigideira antiaderente ou de ferro em fogo médio. Cozinhe cada pão por 2 a 3 minutos de cada lado ou até que fiquem dourados e levemente inflados.
- Se desejar, pincele com azeite de oliva ainda quentes e sirva.
Informações Nutricionais (por unidade, considerando 8 porções)
| Nutriente | Quantidade Aproximada |
|---|---|
| Calorias | 190 kcal |
| Carboidratos | 36 g |
| Proteínas | 5 g |
| Gorduras totais | 2 g |
| Gorduras saturadas | 0,3 g |
| Fibras | 1,5 g |
| Sódio | 270 mg |
História e tradição
O Bazlama é mais do que um alimento: é um pedaço da identidade turca. Esse pão tem raízes profundas nas aldeias da Anatólia, onde é preparado artesanalmente pelas mulheres, muitas vezes em fogões de lenha ao ar livre. Ele faz parte do cotidiano, mas também de momentos especiais, como festas religiosas, colheitas ou visitas familiares.
Nas vilas, a preparação do Bazlama costuma ser um evento coletivo. Várias mulheres se reúnem para sovar a massa, moldar os discos e virá-los cuidadosamente na chapa quente, enquanto compartilham histórias e receitas. Esse processo transforma o pão em um elo de conexão entre gerações e fortalece os laços comunitários.
Hoje, mesmo com a modernização da Turquia, o Bazlama permanece presente em mercados locais, cafés tradicionais e nas mesas das famílias que preservam suas raízes com orgulho.
O pão da praticidade: por que fazer Bazlama?
Uma das grandes vantagens do Bazlama é a sua praticidade. Diferente de outros pães que exigem forno e longos tempos de cocção, o Bazlama é feito na frigideira, em poucos minutos. Isso o torna ideal para quem vive em espaços pequenos, não possui forno ou simplesmente quer algo rápido e caseiro.
Ele também é perfeito para quem está começando na panificação. A massa é fácil de trabalhar, não exige técnicas complicadas, e o resultado é sempre reconfortante.
Além disso, ele acompanha tudo: serve como pão de mesa, sanduíche, base para wraps, acompanhamento para sopas e ensopados ou simplesmente como um lanche com azeite, queijo ou geleia.
Dicas de preparo para um Bazlama perfeito
- Use ingredientes em temperatura ambiente: isso ajuda na ativação do fermento e na textura da massa.
- Sove com carinho: a sova é importante para desenvolver o glúten e dar elasticidade ao pão.
- Deixe o tempo agir: respeitar o tempo de fermentação garante leveza e sabor.
- Controle o fogo: a frigideira deve estar quente, mas não em chama alta. Fogo médio é o ideal para dourar sem queimar.
- Não abra muito fino: o Bazlama deve ter entre 0,8 e 1,5 cm para formar bem suas bolhas internas.
- Consuma na hora ou aqueça: ele é melhor quentinho, mas pode ser reaquecido na frigideira ou até na torradeira.
Variações deliciosas
Embora o Bazlama tradicional seja neutro, sua simplicidade convida à criatividade. Veja algumas variações:
- Com ervas frescas: adicione hortelã, salsinha ou dill à massa.
- Com alho e manteiga: pincele manteiga com alho logo após sair da frigideira.
- Com queijo derretido: recheie com queijo feta, muçarela ou outro de sua preferência antes de fechar e assar.
- Integral: substitua parte da farinha branca por farinha integral.
- Doce: sirva com mel, tahine, ou pasta de tâmara e nozes.
Como servir o Bazlama?
O Bazlama é extremamente versátil e pode ser servido em diferentes momentos:
- Café da manhã: com manteiga, queijo ou ovos mexidos.
- Almoço ou jantar: como acompanhamento de ensopados, grelhados ou saladas.
- Sanduíches: aberto ao meio e recheado com legumes grelhados, carnes ou pasta de grão-de-bico.
- Petiscos: cortado em tiras com molhos e pastas.
- Lanches rápidos: basta aquecer e saborear com azeite e zaatar.
Curiosidades sobre o Bazlama
- Em algumas regiões, o Bazlama é assado em fornos de barro ou sobre pedras quentes.
- No interior da Turquia, ainda é comum fazer grandes quantidades e armazenar por até uma semana.
- Ele é conhecido por diferentes nomes em dialetos regionais e também tem parentes próximos em países como Grécia, Irã e Armênia.
- Apesar de ser um pão rústico, é frequentemente servido em restaurantes sofisticados como base para pratos contemporâneos.
FAQs – Perguntas Frequentes sobre o Bazlama
1. Posso usar fermento fresco em vez do seco?
Sim. Basta substituir o fermento seco por cerca de 30 g de fermento biológico fresco, dissolvendo-o nos líquidos mornos com açúcar.
2. O Bazlama pode ser congelado?
Pode sim. Após esfriar, embale bem em plástico filme ou saco hermético e congele por até 2 meses. Para consumir, basta aquecer direto na frigideira.
3. Dá para fazer com farinha sem glúten?
É possível, mas o resultado será diferente. Farinhas sem glúten exigem aditivos ou misturas próprias para panificação.
4. Preciso deixar crescer duas vezes?
Não. Uma única fermentação é suficiente. Após sovar e crescer, basta moldar os discos e assar.
5. O pão ficou seco. O que fiz de errado?
Pode ter ficado tempo demais na frigideira ou a massa estava muito fina. Fique atento ao tempo e espessura.
6. Qual o melhor tipo de frigideira para o Bazlama?
As de ferro fundido são ideais, mas antiaderentes também funcionam bem. O importante é que mantenha calor uniforme.
7. Posso usar leite vegetal?
Sim. Leites como o de aveia ou amêndoas funcionam bem. Evite os muito aguados, como o de arroz.
Conclusão: Um pão que aquece mais que o estômago
Fazer Bazlama é mais do que preparar pão. É um gesto de acolhimento, uma volta às raízes e um convite à pausa. Em cada disco dourado que se infla na frigideira, há história, tradição e sabor. Há o tempo que desacelera enquanto a massa descansa, o cheiro que preenche a cozinha e o prazer simples de comer algo feito com as próprias mãos.
Num mundo onde tudo parece urgente, o Bazlama nos lembra que há beleza no processo, nas coisas feitas com calma. Ao preparar esse pão turco em casa, você não só leva à mesa um alimento versátil e delicioso, mas também uma porção de cultura, afeto e memória.
E quem sabe, ao saborear seu Bazlama, você também descubra, como eu descobri naquela infância distante, que algumas receitas têm o poder de nos fazer voltar para casa — mesmo que seja só por um instante.
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